Defesa de Doutorado: 19/08/2019

Local: SALA LM-04/ICB/UFPA.

Horário: 14h

Título: ADMINISTRAÇÃO DE CHUMBO POR LONGO TEMPO E EFEITOS SOBRE O HIPOCAMPO DE RATOS WISTAR: AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL, TECIDUAL, PROTEÔMICA E BIOQUÍMICA

Discente:  ANA CAROLINA ALVES DE OLIVEIRA

Docente: RAFAEL RODRIGUES LIMA

Resumo: O chumbo é considerado um dos poluentes mais encontrados no meio ambiente, decorrente principalmente de atividades antropogênicas. É um metal amplamente utilizado no setor industrial, seja na produção de baterias, tubos e dispositivos de proteção contra radiação, seja como pigmento em tintas e cosméticos. A exposição a este toxicante pode levar a efeitos adversos em seres humanos, e dentre os sistemas biológicos mais suscetíveis aos seus efeitos, o sistema nervoso tem sido relatado na literatura como um alvo toxicológico. Entretanto, a caracterização dos mecanismos e alterações em diversos níveis organizacionais (bioquímico, proteômico, tecidual e funcional) desencadeados pela exposição ao chumbo a longo prazo sobre o hipocampo, uma importante região associada a processos cognitivos, ainda permanece sem evidências conclusivas. Dessa forma, este estudo buscou avaliar os efeitos da administração sistêmica de chumbo por longo tempo (desde adolescência à idade adulta) sobre o hipocampo de ratos, buscando possíveis alterações na homeostase da bioquímica oxidativa sistêmica e hipocampal, perfil proteômico e densidade neuronal hipocampal e parâmetros de memória e aprendizagem relacionados a essa região. Foram utilizados 50 ratos Wistar machos, com 35 dias de vida divididos em dois grupos: controle (n=25, tratados com água destilada) e chumbo (n=25 tratados com 50mg/kg de acetato de chumbo), ambos via gavagem orogástrica. A exposição perdurou até o 90º dia de vida dos ratos. Ao fim do período de exposição, os animais foram submetidos testes comportamentais (Reconhecimento Social e Esquiva Inibitória) para avaliação de aspectos mnemônicos. Na sequência, os animais foram eutanasiados e o sangue periférico e hipocampo coletados para a avaliação da bioquímica oxidativa pelos parâmetros de capacidade antioxidante total (TEAC), níveis de glutationa (GSH) e peroxidação lipídica (TBARS). Parte do hipocampo foi destinado à dosagem de chumbo e extração de proteínas para avaliação do perfil proteômico. Outros animais foram perfundidos e o hipocampo processado para imunoistoquímica com o anticorpo anti-NeuN e avaliado quanto a densidade neuronal. Nesse modelo de exposição ao chumbo em ratos, evidenciamos aumento dos níveis de chumbo no hipocampo, associado a prejuízos funcionais, com déficits de memória de longo prazo. O balanço bioquímico também foi afetado, sendo evidenciado no sangue estresse oxidativo com maiores níveis de TBARS e redução dos níveis de TEAC e GSH, e no hipocampo, aumento dos níveis de TBARS e GSH. O perfil do proteoma hipocampal identificou alteração principalmente nas proteínas envolvidas na modulação da transmissão sináptica, regulação da sinalização trans-sináptica e regulação da exocitose. A avaliação imunoistoquímica com anti-NeuN permitiu a identificação de morte neuronal no grupo exposto, quando comparado aos animais controles em todas regiões hipocampais avaliadas. Mostramos pela primeira vez que a exposição por longo prazo ao chumbo é capaz de promover estresse oxidativo no sangue, associado a aumento dos níveis de chumbo, modulação da homeostase oxidativa e alteração do perfil proteômico no hipocampo, com maior repercussão em proteínas de comunicação sináptica, repercutindo em morte neuronal e prejuízo em funções cognitivas.