Defesa de Mestrado: 22/11/2019

Local: Auditório da Radioterapia do Hospital Ophir Loyola.

Horário: 10h

Título: DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO CELULAR: UM CAMINHO EM COMUM.

Discente: RAIANY SOUZA DA SILVA

Docente: ROMMEL MARIO RODRIGUEZ BURBANO

Resumo: Desde sua descoberta os telômeros e a telomerase são tema de intensas pesquisas, primeiro como um mecanismo de envelhecimento celular e depois como um indicador de saúde. Ao proteger as extremidades dos cromossomos, os telômeros desempenham um papel vital na preservação das informações em nosso genoma. Os telômeros diminuem com a idade e a taxa de erosão dos telômeros fornece informações sobre o histórico de proliferação celular de um tecido. A enzima telomerase restaura o tamanho do telômero, possuindo importante papel antienvelhecimento. O encurtamento dos telômeros é observado em muitas doenças humanas, incluindo aterosclerose, câncer, síndromes de envelhecimento, esquizofrenia, doença de Alzheimer e demência vascular. A depressão maior (DM) é uma grave entidade nosológica, considerada um problema de saúde pública e está comumente associada a condições médicas de caráter crônico e de maior prevalência na senescência, sugerindo uma forte associação com o envelhecimento celular. A maioria das análises publicadas na literatura demonstraram associação do transtorno DM com a diminuição da função telomérica e do tamanho dos telômeros, porém existem outros estudos com resultados conflitantes. Por este motivo, analisamos a expressão da telomerase e o tamanho do telômero, em leucócitos de sangue periférico de 12 pacientes DM, antes e depois do tratamento com os antidepressivos sertralina e/ou o escitalopran e comparamos esses achados com os encontrados em um grupo controle negativo, composto por indivíduos hígidos, e com um grupo controle positivo formado por pacientes portadores de esquizofrenia (ESQ). A análise da expressão do mRNA de hTERT, a subunidade catalítica da telomerase humana, foi realizada por meio da Reação em Cadeia da Polimerase quantitativa em tempo real (qPCR) e para analisar o comprimento dos telômeros foi realizada a metodologia do Southern Blot. Os pacientes DM, antes do tratamento, e os pacientes ESQ apresentaram uma expressão da telomerase e um comprimento do telômero significativamente menor, em relação ao controle negativo (p<0,05). Após o tratamento com os antidepressivos supracitados, os pacientes DM tiveram esses dois parâmetros teloméricos aumentados e a análise estatística não revelou diferença desses em relação ao controle negativo (p>0,05). A recuperação da função telomérica, após o tratamento, foi acompanhada por uma resposta positiva de 50% ou mais no quadro clínico dos pacientes DM. Por outro lado, foi observada significância na diferença do tamanho dos telômeros de controles negativo e pacientes DM, após o tratamento, em relação ao grupo de pacientes ESQ (p<0,05). Podemos concluir que o transtorno DM tem como gatilho ou consequência a disfunção do telômero e os leucócitos do sangue periférico podem revelar a ativação dos caminhos da senescência. A sertralina e/ou o escitalopran apresentam grande efetividade de recuperação do quadro clínico e da atividade telomérica basal no transtorno DM em comparação à responsividade telomérica do tratamento específico para os pacientes ESQ, sabidamente portadores de uma mais grave, crônica e deteriorante patologia mental. O desfecho positivo dos pacientes DM, que após o início do tratamento tiveram recuperação dos parâmetros teloméricos, revela que a análise dos telômeros é uma ferramenta em potencial para o monitoramento da terapia e seguimento dos pacientes que tem a medicação suspensa por melhora do quadro clínico. O seguimento dos pacientes deste estudo e o aumento do número amostral nos permitirá visualizar se a remissão sintomatológica será seguida da recuperação total do telômero e da manutenção da sua função basal. Um dado muito importante não somente para o plano terapêutico, como para o prognóstico dos acometidos pela DM.