Qualificação de Doutorado: 09 de janeiro de 2018
Local: Auditório do IFPA / Campus Bragança
Horário: 14:00h
Título: CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE ASTRÓCITOS DA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL DE Charadrius semipalmatus DURANTE A MIGRAÇÃO E EM PERÍODO DE INVERNADA.
Autor: Marcus Augusto de Oliveira
Resumo:Um dos maiores eventos sazonais do planeta é a migração de aves do Ártico em direção ao hemisfério sul, e seu retorno durante o período reprodutivo. Bilhões de indivíduos precisam se lembrar das rotas aprendidas durante esta jornada épica, e encontrar os mesmos lugares para reprodução, descanso e alimentação. Esses pássaros podem navegar milhares de quilômetros com grande precisão, usando o hipocampo como uma área-chave para realizar essa tarefa, devido aos componentes da memória espacial e temporal associados às funções que realiza. Recentemente, demonstramos que o maçarico semipalmado Calidris pusilla, depois de atravessar o Atlântico em direção à costa da América do Sul, revela mudanças significativas em seus astrócitos hipocampais. De fato, os astrócitos do hipocampo das aves capturadas no litoral de Bragança no Brasil, em comparação com os do hipocampo de indivíduos capturados na Baía de Fundy, no Canadá, são menos numerosos e exibem ramos retraidos.
No presente trabalho, utilizamos a espécie Charadrius semipalmatus, que apesar de ter pontos de partida e término de migração similares aos do C. pusilla, usa uma estratégia migratória diferente, realizando um voo continental, que envolve paradas para descanso e alimentação ao longo da rota. Devido a essa estratégia de migração contrastante, hipotetizamos que os pássaros em período de invernada da espécie C. semipalmatus capturados no litoral de Bragança (Brasil) mostrariam maiores complexidades morfológicas do que os astrocitos do hipocampo dessas aves migratórias capturadas na Baía de Fundy (Canadá). Para testar essa hipótese, comparamos as características morfológicas tridimensionais (3-D) dos astrócitos do C. semipalmatus adultos capturados na Baía de Fundy (n = 258 células) com as de aves capturadas na região costeira de Bragança, Brasil, durante o período de invernada (n = 286 células). O programa Neurolucida foi utilizada para reconstruções tridimensionais e a análise de agrupamentos hierárquicos de variáveis morfométricas dos astrócitos foi usada para classificação morfológica das células reconstruidas. Essa análise mostrou duas famílias de astrócitos, que denominamos Tipo I e Tipo II, com base em várias características morfológicas. O fenótipo Tipo I mostrou em média uma maior complexidade morfológica e maior volume do convex-hull após a migração do que antes dela. No entanto, o fenótipo Tipo II não alterou a complexidade morfológica. Em conjunto, essas descobertas sugerem que estratégias contrastantes de voo migratório de longa distância podem afetar diferencialmente a morfologia dos astrócitos e que morfologias distintas